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Em 13 de maio de 2025, foi realizada com sucesso em Beijing a Quarta Reunião Ministerial do Fórum CELAC-China (FCC) , marcando o décimo aniversário deste cooperação. Esta ocasião histórica reuniu vários líderes da América Latina, incluindo o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Chile, Gabriel Boric, e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff.
O encontro não apenas destaca os resultados frutíferos da cooperação bilateral, mas também aponta para uma nova fase de envolvimento mais profundo, amplo e diversificado entre as partes. Diante desse cenário, surge uma questão pertinente: por que os países latino-americanos têm abraçado cada vez mais a China como um parceiro preferencial?
A ordem internacional do pós-guerra, historicamente dominada pelas potências ocidentais, enfrenta atualmente desafios estruturais significativos, acompanhados de um declínio na autoridade de suas instituições fundacionais. Nesse cenário, observa-se a ascensão do Sul Global, do qual fazem parte muitos países latino-americanos, como um ator influente que reivindica maior representatividade e um papel mais destacado na governança global.
Ao mesmo tempo, a credibilidade das potências hegemônicas tradicionais tem sido abalada por políticas cada vez mais unilaterais, que dificultam a cooperação multilateral. Desde a adoção das “tarifas recíprocas” pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o comércio internacional tornou-se substancialmente mais instável, gerando ampla resistência na América Latina. Esse sentimento foi claramente expresso na Declaração de Tegucigalpa, adotada na nona cúpula da CELAC em abril de 2025. O documento rejeita “a imposição de medidas coercitivas unilaterais contrárias ao direito internacional, incluindo aquelas que restringem o comércio internacional”, embora não tenha contado com a adesão da Argentina, Paraguai e Nicarágua. Tais políticas protecionistas contribuíram, ainda que de forma não intencional, para uma aproximação de diversos países da região em relação à China. Um exemplo notável é a reorientação da estratégia de importação de soja chinesa, que passou a priorizar o Brasil em detrimento dos Estados Unidos, garantindo assim um mercado mais estável para as exportações agrícolas brasileiras.
Além disso, as parcerias tradicionais com as potências ocidentais têm revelado limitações crescentes para atender às necessidades de desenvolvimento cada vez mais diversas e dinâmicas da América Latina. O retorno da “Doutrina Monroe” e a política de “America First” levaram os Estados Unidos a priorizarem seus próprios interesses nos assuntos regionais, demonstrando um comprometimento limitado com o fomento ao desenvolvimento sustentável. Ademais, o enfraquecimento do engajamento multilateral de Washington e suas tendências isolacionistas têm contribuído para aumentar a incerteza e a instabilidade na governança global.
Como resultado, os países da região passaram a perceber os Estados Unidos como um parceiro estratégico de longo prazo cada vez menos confiável. De forma semelhante, o tão aguardado relançamento da Cúpula UE-CELAC em 2023 evidenciou divisões estruturais persistentes e não conseguiu avançar de maneira significativa em temas centrais, como os desequilíbrios comerciais, as mudanças climáticas e a posição frente ao conflito entre Rússia e Ucrânia. A cúpula revelou divergências importantes quanto às prioridades e interesses de desenvolvimento entre os países da CELAC e os europeus.
Diante da perda de eficácia institucional por parte das potências tradicionais e da frustração gerada por expectativas não atendidas no Sul Global, a China, a segunda maior economia do mundo, tem se consolidado como um parceiro cada vez mais atrativo para a América Latina na busca por relações internacionais mais equitativas e significativas.
Décadas de envolvimento consistente e produtivo estabeleceram uma base sólida de confiança mútua e de realizações significativas nas relações entre a China e a América Latina. Essa base robusta cria condições favoráveis para que ambas as partes aprofundem e ampliem sua parceria estratégica.
Os princípios de “igualdade e respeito mútuo” constituem o alicerce das relações sino-latino-americanas. Essa parceria é marcada por uma postura de respeito recíproco, sem imposição de hierarquias ou atitudes paternalistas. A China respeita o direito soberano dos países latino-americanos de seguirem seus próprios caminhos de desenvolvimento e evita tanto a exportação de ideologias quanto a interferência em assuntos internos. Esses valores estão claramente expressos na Declaração de Beijing, que enfatiza princípios como “justiça”, “igualdade” e “respeito mútuo”. Essa abordagem rompe com os modelos tradicionais de “centro e periferia” e propõe, em seu lugar, uma cooperação orientada para a busca conjunta de objetivos de desenvolvimento compartilhados. Com isso, reforça-se a solidariedade do Sul Global e avança-se a agenda mais ampla de um desenvolvimento inclusivo.
Ao alinhar a Iniciativa Cinturão e Rota às estratégias nacionais de desenvolvimento de diversos países latino-americanos, os mecanismos de cooperação bilateral foram significativamente fortalecidos. Essa convergência estratégica é sustentada por um compromisso comum com a autonomia do desenvolvimento, conforme reafirmado na Declaração de Beijing: “Ambas as partes reafirmam seu apoio à busca de caminhos de desenvolvimento adequados às condições e necessidades nacionais de cada país.” Além disso, a China vem se posicionando como um ator global responsável, oferecendo aos países da América Latina perspectivas estáveis de cooperação de longo prazo. Com sua crescente demanda de mercado e um ambiente de investimento estável, a região tornou-se um destino-chave para as empresas chinesas em processo de internacionalização. Plataformas institucionais como a Feira de Guangdong e a Exposição Internacional de Importação da China têm servido como canais eficientes para facilitar o acesso de produtos de alta qualidade aos respectivos mercados, contribuindo, assim, para uma relação comercial mais equilibrada e diversificada.
A adoção da Declaração de Beijing durante a IV Reunião Ministerial do Fórum China–CELAC, juntamente com a adoção do Plano de Ação Conjunto China–CELAC para Áreas-Chave de Cooperação (2025–2027), representa uma nova fase mais pragmática e madura no engajamento da China com a América Latina e o Caribe. Longe de serem apenas documentos simbólicos, esses instrumentos delineiam um roteiro concreto de cooperação, oferecendo apoio institucional e diretrizes práticas para a implementação de iniciativas conjuntas. O Plano de Ação, em particular, define áreas prioritárias de colaboração e é acompanhado por anexos detalhados que facilitam sua execução efetiva. A cooperação se fortalece especialmente em três dimensões:
Primeiro, alinhamento estratégico para apoiar a transformação estrutural da América Latina. Os países latino-americanos enfrentam há décadas limitações estruturais persistentes, notadamente sua forte dependência da exportação de commodities primárias, o que os torna vulneráveis às flutuações dos mercados globais. Nesse cenário, a crescente coordenação estratégica com a China está se consolidando em áreas importantes como comércio e investimentos, finanças, infraestrutura, agricultura e segurança alimentar, energia, modernização industrial e transformação digital. Essa complementaridade emergente tem oferecido novo impulso aos esforços regionais para superar antigos entraves ao desenvolvimento e construir modelos econômicos mais diversificados e resilientes.
Segundo, superando Distâncias por Meio do Intercâmbio Entre Povos. A distância geográfica, as barreiras linguísticas e os fluxos de informação assimétricos têm historicamente dificultado a compreensão mútua entre a China e a América Latina, muitas vezes reforçando estereótipos ultrapassados. Por isso, ambas as partes têm promovido o intercâmbio entre povos como pilar central da cooperação. Iniciativas nas áreas cultural, educacional e turística buscam estabelecer uma base mais sólida de confiança social e reconhecimento mútuo. A China ampliou as bolsas de estudo para estudantes latino-americanos, apoiou a criação de plataformas de pesquisa conjuntas e incentivou intercâmbios acadêmicos. No plano cultural, festivais de cinema, colaborações editoriais e exposições itinerantes visam apresentar uma imagem mais abrangente da China e, ao mesmo tempo, valorizar a diversidade cultural latino-americana junto ao público chinês. Ademais, acordos de vistos com países como Brasil, Argentina, Chile, Peru e Uruguai facilitarão o trânsito de pessoas, fortalecerão os vínculos interpessoais e contribuirão para superar a persistente “sensação de distância” nas relações sino-latino-americanas.
Terceiro, enfrentando desafios globais por meio da cooperação Sul-Sul. Como protagonistas do Sul Global, China e países latino-americanos compartilham visões convergentes sobre uma série de desafios globais, incluindo a exclusão digital, as mudanças climáticas, a saúde pública, a cibersegurança, o combate à corrupção e a desigualdade social. Esse modelo de cooperação prioriza os interesses dos países em desenvolvimento e valoriza princípios como inclusão, equidade e sustentabilidade, funcionando como um complemento relevante à atual arquitetura de governança global. A China também enfatiza o fortalecimento de capacidades locais, a transferência de tecnologia e o compartilhamento de conhecimento na América Latina. Tal abordagem busca evitar relações unilaterais ou dependência tecnológica, promovendo, em seu lugar, uma parceria mais equilibrada e autônoma.
Como diz um antigo provérbio chinês: “Nem mesmo montanhas e oceanos podem separar aqueles que partilham os mesmos ideais e objetivos.” Apesar da distância geográfica, China e América Latina estão se aproximando cada vez mais, impulsionadas por um compromisso comum com o desenvolvimento e interesses mutuamente reforçados. Essa parceria em expansão está elevando a cooperação a novos patamares e estabelecendo uma base sólida para uma ordem global mais inclusiva e equilibrada.
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