A América Latina concentra mais da metade do lítio identificado no planeta, e a maior parte dos depósitos estão situados no chamado “triângulo do lítio”, região que congrega partes dos territórios de Argentina, Bolívia e Chile.

Interessa à China assegurar o fornecimento ordenado de minerais estratégicos, em especial do lítio, como forma de sustentar sua dominância nas cadeias de suprimento de baterias e veículos elétricos e reforçar a competitividade global de suas empresas.

A América do Sul se posiciona enquanto espaço geoeconômico e geopolítico em disputa, enquanto o lítio se converte em um dos principais ativos na competição produtiva e tecnológica travada entre Beijing e Washington.


 Motivações, repercussões e implicações


A China e o triângulo do lítio

Alexandre Coelho

Carlos Renato Ungaretti

- O Século Asiático ganha força com a fragmentação do poder americano que se desmorona, gradualmente, desde o 11 de Setembro, a Guerra do Iraque, a crise financeira de 2008, e a eleição de Donald Trump, simbolizando uma profunda ruptura com os períodos de glória do seu domínio global. 

- A China está emergindo como uma potência líder no Século Asiático, desafiando o status quo global liderado pelos Estados Unidos. A primeira cúpula da Iniciativa Cinturão e Rota cristaliza essa visão de um cenário prospectivo que conecta os maiores centros populacionais do mundo em comércio e intercâmbio cultural, semelhante à Rota da Seda. O modelo político e econômico chinês ganha destaque como uma possível alternativa ao "American Way of Life". 

- A crescente influência da China está redefinindo o cenário internacional, desafiando as políticas dos EUA. A China é vista como uma alternativa, destacando seu modelo político e sucesso socioeconômico. Isso é evidenciado pelas críticas aos problemas internos dos EUA, como o enfraquecimento das regulamentações contra o trabalho infantil. O futuro exigirá lidar com a ascensão do Século Asiático como contraponto ao domínio americano.



os caminhos do Século Asiático

Declínios e ascensões

Lauro Henrique Gomes Accioly Filho

- A Fusão Civil-Militar (FCM) visa a eliminação das barreiras entre os setores de pesquisa civil e comercial da China, e seus setores militares e industriais de defesa.
- A FCM reflete a busca chinesa por poder militar e tecnológico, impactando diretamente o jogo de poder global.
- O interesse chinês pela modernização militar deve ser entendido a partir do próprio debate de inovação, ponto central das estratégias de desenvolvimento do país nos últimos anos.


E as implicações para as transformações de poder militar no cenário internacional

A fusão civil-militar na Era Xi

Alana Camoça Gonçalves de Oliveira

- A China se tornou líder global em baterias de lítio e está desenvolvendo um importante ecossistema produtivo de veículos elétricos (VEs). A CATL representa cerca de 37% do mercado global de baterias e as empresas chinesas representaram 60% das vendas globais de VEs em 2022.
- A Europa é o maior parceiro comercial da China para VEs e baterias, mas as empresas chinesas estão expandindo igualmente para mercados emergentes como Tailândia, Indonésia e Brasil. 
- Os VEs chineses lideram nos segmentos de baixo e médio valor, enquanto a Tesla domina a fatia de mercado de VEs de alto padrão.


Política industrial e expansão global

O desenvolvimento dos setores de baterias e carros elétricos na China

Ricardo Lopes Kotz

O Sonho Chinês - divulgado em 2013 por Xi Jinping - é um projeto político nacional em torno da própria existência do país, uma promessa de modernização, desenvolvimento e renovação do prestígio chinês durante os séculos.
Entender o Sonho Chinês requer entender o papel da China nos anos em que vigorava o Império do Meio, antes de sofrer sob a bota do Imperialismo no Século das Humilhações (1839-1949). 


As Reformas chinesas sob Xi a partir da perspectiva do Sonho Chinês 中国梦

Gustavo Alejandro Cardozo

Marina Moreno de Farias

- Com eleições gerais agendadas para janeiro de 2024, o futuro das relações entre Taiwan e a China continental voltou ao centro do debate na ilha.
- Os planos de viagem divergentes realizados por Tsai Ing-Wen e Ma Ying-Jeou em março de 2023 representaram as distintas abordagens às relações inter estreito e visões sobre o futuro de Taiwan.
- A corrida eleitoral, costumeiramente bipartidária, recebeu um novo componente com a ascensão do partido TPP.

Eleições em 2024 e perspectivas para as Relações Inter estreito

Nuances na Questão de Taiwan

Luana Margarete Geiger

Os Semicondutores são o quarto produto mais comercializado no mundo e as tendências de alteração em suas cadeias globais de valor trará profundas implicações econômicas.

Frente à acirrada competição tecnológica entre Estados Unidos e China, o Brasil deve desenvolver uma estratégia que insira o país nas cadeias de valor do setor. 

É possível buscar opções compatíveis com a tradição diplomática do país, firmando parcerias internacionais equilibradas ao priorizar o desenvolvimento de tecnologias próprias.

O Brasil e a Cadeia de Valor dos Semicondutores

Iury Mendonça Freire de França

A estratégia competitiva norte-americana para os semicondutores tende a desacelerar o aprimoramento chines no curto e médio prazos, visto que a China domina os setores de menor valor agregado e depende de componentes importados.

No que diz respeito à inteligência artificial, a China vem tendo sucesso no seu processo de inovação, o que se reflete em avanços no desenvolvimento de tecnologias para reconhecimento facial, modelos de linguagem e um grande aumento no número de patentes na área de deep learning. 

Semicondutores, Inteligência artificial e Desacoplamento 

A Estratégia Tecnológica Chinesa Frente à Competição com os Estados Unidos

O Japão tem acompanhado atentamente a ascensão e crescente assertividade militar da China em seu entorno estratégico.
Os documentos de defesa lançados em 2022 demonstram a preocupação em fortalecer suas capacidades para lidar com transformações geopolíticas na região. 
O “fator China” representa um elemento central para o recrudescimento militar do país.


Os documentos de defesa japoneses e a ascensão chinesa no teatro de segurança do Leste Asiático

Recrudescimento militar à vista?

Viagem do Presidente Lula à China indica retorno à diplomacia presidencial e busca recuperar o papel do Brasil como interlocutor internacional de relevância. 


Reaproximação com a China vai além da pauta comercial


Um meio e não um fim

Relações Brasil-China

Kelly de Souza Ferreira

* Brasil e China assinam memorando de entendimentos para o estabelecimento de acordos de compensação de renminbi no Brasil, definindo o Industrial and Commercial Bank of China como clearing house.
* Os acordos de compensação devem reduzir consideravelmente os custos de transação relativos a negócios realizados com empresas e investidores chineses.


Perspectivas e possibilidades para o comércio entre Brasil e China

Os acordos para compensação de renminbi no Brasil

Lucas Carneiro

- Governo Lula  enfrenta desafios para retomar integração no Mercosul que tangenciam crescente influência da China na região.
- Considerando o cenário global instável, a solução para os impasses no bloco  reside no reforço da sua capacidade de coordenação e de ação coletiva.

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