Chinese Climate Finance

Chinese Climate Finance

And the Current State of Biodiversity Conservation

Sinóptica 提纲 Magazine

JUNE 24, 2025
Daniel Murray Chaves

Introdução

O ano de 2025 é um marco importante para a agenda climática global. São 10 anos desde a assinatura do Acordo de Paris na Conferência das Partes (COP-21), bem como a data da aguardada COP-30, que será realizada em Belém, no Brasil. Trata-se de um momento crucial para avaliar o progresso das metas globais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

O Acordo de Paris, ao estabelecer o limite de 1,5°C para o aquecimento global, exige uma análise rigorosa dos avanços até 2025. É preciso entender o que funcionou, o que não foi possível implementar e o que ainda é necessário fazer para reduzir os danos das mudanças climáticas. A COP-30 representa uma oportunidade vital para impulsionar ações mais ambiciosas, focando em dois pilares essenciais: conservação da biodiversidade e financiamento climático.

Nesse contexto, a liderança de grandes emissores de gases de efeito estufa é indispensável para garantir a efetividade dos esforços globais. A China, responsável por aproximadamente 31,5% das emissões globais e líder em investimentos em energias renováveis como solar e eólica, desempenha um papel central na dinâmica climática internacional.

Para o alcance de suas metas de longo prazo, como a promessa de atingir o pico de emissões antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060, o ano de 2025 também possui relevância, sendo tratado como marco para estruturação do cumprimento destas metas. [1] Até 2025, o plano visava estabelecer um diagnóstico abrangente sobre os estoques de carbono e o potencial de sequestro dos ecossistemas, além de implementar um sistema preliminar de mensuração compatível com padrões internacionais. Até 2030, a meta é consolidar e aperfeiçoar esse sistema, tornando-o uma referência para a avaliação, monitoramento e contabilização dos sumidouros de carbono em escala nacional.

O 14º Plano Quinquenal (2021-2025) reflete essas ambições, com metas para a expansão de energias renováveis, a restauração de ecossistemas e o controle da poluição. Além disso, a China tem sido proativa nas negociações climáticas internacionais, promovendo iniciativas como a Nova Rota da Seda Verde (Green Belt and Road, no inglês), que reforçam a cooperação com países do Sul Global.

Conservação da biodiversidade e qualidade ambiental

O planejamento estatal chinês é um fator determinante para o avanço das políticas de sustentabilidade. Iniciativas como o Plano de Ação Nacional para a Biodiversidade (2021-2030) e o já citado 14º Plano Quinquenal (2021-2025) demonstram o compromisso do país com a gestão ambiental e a redução de impactos climáticos. Esses planos contribuem para os objetivos globais de sustentabilidade e reforçam a busca da China por liderança no cenário climático internacional.

Na esfera da proteção da biodiversidade, há por parte da China o reconhecimento do papel crucial das florestas no combate às mudanças climáticas. Em 2021, o país comprometeu-se a deter o desmatamento até 2030, assinando a Declaração de Glasgow. Em 2022, liderou a conferência da ONU sobre biodiversidade, resultando em metas globais para proteger a natureza, incluindo a cobertura de 30% das terras, áreas costeiras e oceanos sob áreas protegidas. O país também tem priorizado a restauração de ecossistemas em áreas prioritárias, como o Planalto Tibetano e os rios Yangtze e Amarelo. A meta é aumentar o estoque florestal em 6 bilhões de metros cúbicos até 2030.

A preservação de florestas e a recuperação de áreas degradadas são essenciais para a biodiversidade e o clima. Ecossistemas saudáveis promovem a absorção de carbono, ajudando a reduzir um dos principais fatores de contribuição para o aquecimento global. Além disso, protegem espécies ameaçadas e mitigam os impactos negativos a recursos naturais vitais, como a água.

Na luta contra a poluição, fundamental para a saúde da população e a preservação dos ecossistemas, a China estabeleceu metas para a redução do consumo de energia e das emissões de dióxido de carbono por unidade do PIB. O 14º Plano Quinquenal inclui melhorar a qualidade do ar e da água, além de investimentos em infraestrutura ambiental.

A China enfrenta desafios como o derretimento de geleiras e a desertificação no oeste do país. Até o momento, o governo tem implementado ações de monitoramento, como o inventário aéreo das geleiras na Província de Gansu, visando proteger e recuperar ecossistemas nessas regiões e assegurar a segurança hídrica e alimentar.

Financiamento climático

Nos esforços de sustentabilidade, destaca-se a expansão do Sistema Nacional de Comércio de Emissões (ETS) da China, que abrange o setor de geração de energia e está em processo de inclusão de setores industriais como cimento, aço e alumínio, intensivos em emissões e de difícil descarbonização. Essa ferramenta é essencial para a redução das emissões de carbono, estabelecendo limites e permitindo a negociação de créditos de carbono entre empresas.

A China também tem se destacado no financiamento de projetos sustentáveis. Em 2023, o país manteve sua posição de protagonismo no mercado de finanças verdes, com aumento notável na emissão de títulos verdes, sociais, de sustentabilidade e vinculados à sustentabilidade, como informado pela Climate Bonds Initiative (CBI). [2]

Dados da CBI mostram que o mercado chinês de títulos verdes alcançou um volume de US$ 83 bilhões em 2023, consolidando o país como o maior emissor global desse tipo de instrumento financeiro, com um total de US$ 372 bilhões emitidos desde 2016. [3] Esse status demonstra o interesse do país em alinhar suas políticas financeiras com os objetivos climáticos globais e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, principalmente através dos investimentos em energias renováveis e transportes de baixas emissões de carbono.

As contribuições da China alcançam também o financiamento climático internacional, especialmente em nações em desenvolvimento, por meio de iniciativas de Cooperação Sul-Sul e da Rota da Seda Verde. Dados do Center for Global Development (CGD) revelam que, desde o lançamento da Nova Rota da Seda, ou Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative – BRI, na sigla em inglês), em 2013, o país tem destinado aproximadamente US$ 3,8 bilhões por ano para projetos de transição climática em economias emergentes, utilizando para tanto mecanismos de financiamento que incluem acordos bilaterais, multilaterais e regionais. [4]

Deste valor, aproximadamente 91% do capital foi destinado para construção de novas infraestruturas relacionadas à energia, transporte e água e saneamento. Dentre os projetos de energia financiados, 39% foram dedicados a geração ou pesquisa em energia solar, 25% foram investidos em projetos com baixas emissões comprovadas de energia hidrelétrica e 16% foram alocados em usinas de energia eólica.

Até 2021, o volume total de financiamento climático fornecido pela China atingiu a marca de US$ 34,3 bilhões, consolidando sua posição como um dos principais apoiadores de ações climáticas no mundo em desenvolvimento. [5] Dentro do guarda-chuva da Cooperação Sul-Sul, registram-se transações que somam mais de US$24,5 bilhões em financiamentos de iniciativas climáticas em outros países em desenvolvimento. Além do suporte financeiro, até o final de 2024 já foram assinados 53 memorandos de entendimento com 42 países em desenvolvimento, ao passo que foram realizados 58 treinamentos cooperativos sobre mudanças climáticas com países do Sul Global.

Na esfera das finanças verdes, os esforços da China também incluem a sua participação no Fundo de Biodiversidade de Kunming. Criado durante a COP-15, com um aporte inicial de 1,5 bilhão de yuans (cerca de US$224 milhões), o Fundo destina-se a apoiar países em desenvolvimento na implementação de ações de conservação ambiental, operando sob princípios multilaterais e de concessão. Encontra-se atualmente em fase operacional, direcionando esforços para a conclusão das metas do Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, assinado em 2021, em conjunto com os Estados Unidos.

Por fim, a China tem buscado fortalecer seus padrões e regulamentações para garantir a integridade e a transparência do mercado de títulos verdes, combatendo a “maquiagem verde” (greenwashing) e assegurando que os recursos sejam destinados a projetos genuinamente sustentáveis.

Considerações finais

Compreende-se que o engajamento internacional da China reforça a sua posição como país central na agenda climática global. Com o crescimento contínuo do mercado de títulos verdes e a expansão de políticas financeiras sustentáveis, o país tem se destacado na pavimentação de caminhos para um futuro mais resiliente e de baixo carbono, atuando de forma colaborativa e servindo de exemplo para outros países em sua jornada rumo à sustentabilidade.

Referências

  1. Ministry of Ecology and Environment of the People’s Republic of China. China’s Policies and Actions Addressing Climate Change: 2024 Annual Report. Beijing: Ministry of Ecology and Environment, November 2024.
  2. Climate Bonds Initiative, e CIB Economic Research and Consulting. China Sustainable Debt State of the Market Report 2023. London: Climate Bonds Initiative.
  3. Climate Bonds Initiative.
  4. Cichocka, Beata, e Ian Mitchell. China as a Provider of International Climate Finance. CGD Policy Paper 339. Washington, DC: Center for Global Development, setembro 2024.
  5. Chichocka, China as a Provider of International Climate Finance.

Fotografia: Jeffry S.S., Pexels

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Edited by

Carlos Renato Ungaretti
Carlos Ungaretti

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