À medida que a diplomacia climática enfrenta fragmentação e os Estados Unidos se retiram cada vez mais da liderança global sobre o tema, um novo eixo de cooperação começa a surgir entre o Brasil e a China. Após a segunda visita do presidente Lula a Beijing durante seu mandato atual, Brasil e China sinalizam uma nova fase na parceria — enraizada não apenas no comércio e na geopolítica, mas também na construção do futuro da governança climática global.
O forte apoio da China à presidência brasileira da COP 30, assim como seu compromisso de enviar uma delegação de alto nível a Belém, vão além de gestos diplomáticos. São sinais claros de que ambas as nações estão se posicionando como defensoras do multilateralismo na governança climática global. A declaração conjunta destacou a urgência de defender a cooperação internacional — algo que ambos os países consideram essencial em um mundo marcado por conflitos, desigualdade e colapso ambiental.
Semanas antes da visita de Lula, o presidente chinês Xi Jinping se comprometeu — em uma reunião da ONU coorganizada pelo Brasil — a fortalecer as ações climáticas domésticas, incluindo a divulgação de uma nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que abrangerá todas as emissões e setores. Isso ocorre dois anos após a assinatura de uma declaração conjunta Brasil-China sobre cooperação climática — parceria que agora parece estar se aprofundando.
Em um momento em que os impactos climáticos já ameaçam metade da população mundial e ultrapassar o limite de 1,5°C comprometeria profundamente o desenvolvimento do Sul Global, Brasil e China têm a oportunidade — e a responsabilidade — de liderar. Um novo G2 do Clima poderia ajudar a redefinir a agenda, revitalizar a cooperação internacional e ancorar a ambição climática em um mundo mais equitativo e multipolar.
A próxima cúpula do BRICS e a COP 30 serão momentos decisivos. Se os presidentes Lula e Xi aparecerem lado a lado em Belém com uma visão compartilhada, poderão sinalizar o início de uma nova era — uma era em que a diplomacia climática deixa de ser refém dos ciclos políticos do Ocidente, sendo liderada por potências emergentes do Sul Global, que compreendem que a transição climática é inseparável do desenvolvimento global.
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