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A recente escalada militar entre Israel e Irã, especialmente após os ataques israelenses contra refinarias, campos de gás e infraestruturas estratégicas iranianas, não apenas agravou a instabilidade regional, como também expôs um novo teste para a política externa da China no Oriente Médio. O episódio evidencia os dilemas enfrentados por Beijing: equilibrar segurança energética, estabilidade regional e projeção de soft power, sem comprometer sua relação econômica com os Estados Unidos e seus interesses comerciais com o Ocidente.
Historicamente, a China manteve uma política de distanciamento em relação aos conflitos no Oriente Médio, restringindo seu envolvimento a temas essencialmente econômicos e energéticos. No entanto, nas duas últimas décadas – e com maior intensidade desde a ascensão de Xi Jinping – Beijing passou a adotar uma estratégia mais assertiva e multifacetada.
Esse novo perfil inclui:
O vetor central da presença chinesa na região continua sendo a segurança energética. Aproximadamente 50% do petróleo consumido pela China vem do Oriente Médio, com destaque para Irã e Arábia Saudita.
A possibilidade de um bloqueio do Estreito de Ormuz, ou de uma interrupção nas rotas pelo Mar Vermelho e Canal de Suez, representa uma ameaça direta aos interesses vitais de Beijing. A recente ofensiva israelense acentuou essa vulnerabilidade.
Analistas do Institut pour la Paix et la Diplomatie destacam que qualquer disrupção prolongada nessas rotas pode comprometer não apenas a segurança energética chinesa, mas também os pilares da estratégia de conectividade logística global promovida pela BRI.
Diante do agravamento da crise, a China intensificou sua diplomacia pública e privada. O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, telefonou aos seus homólogos de Irã e Israel, condenando explicitamente os ataques israelenses como uma violação da soberania e integridade territorial do Irã, segundo reportagens da CNN, Reuters e Xinhua.
Beijing também reforçou sua disposição de "exercer um papel construtivo na busca por uma solução pacífica", mas mantém o cuidado retórico de apelar igualmente para que ambas as partes optem pelo diálogo.
Essa postura reflete o que a literatura de Relações Internacionais vem chamando de "neutralidade ativa": uma combinação de defesa pública de princípios (soberania, não intervenção, resolução pacífica de conflitos) com a manutenção de canais diplomáticos com todos os lados envolvidos, evitando rupturas drásticas com nenhum dos principais atores.
Um elemento adicional de contenção é o risco de sofrer sanções secundárias dos EUA. Washington já impôs sanções a entidades chinesas por comércio de petróleo com o Irã e fornecimento de componentes químicos para a indústria de defesa iraniana.
Beijing, que busca estabilizar suas relações comerciais com os Estados Unidos, sabe que um alinhamento excessivo com Teerã pode prejudicar negociações bilaterais cruciais em curso, incluindo as tratativas comerciais e tecnológicas.
Por isso, a China limita sua atuação ao campo diplomático e declaratório, evitando qualquer ação que possa ser interpretada como apoio operacional ao Irã.
O atual conflito entre Israel e Irã reafirma um dilema da diplomacia chinesa no Oriente Médio: De um lado, a China é pressionada por suas necessidades energéticas, pela instabilidade logística e pelo desejo de afirmar-se como potência global responsável.
De outro, seu envolvimento direto traz custos geopolíticos e econômicos elevados, especialmente no tocante à sua relação com os Estados Unidos e à sua vulnerabilidade comercial.
A tendência para os próximos meses será a de uma retórica mais visível pela paz, acenos públicos à diplomacia, mas sem mudanças substanciais na postura de uma cautela mais estratégica.
Beijing continuará, portanto, a navegar entre os imperativos do realismo econômico e as exigências simbólicas de uma potência emergente, sempre buscando minimizar riscos e maximizar sua margem de manobra diplomática, sem, contudo, colocar em risco sua prioridade maior: a segurança de suas fontes de energia.
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